O MELHOR ÁLBUM

MARCO DO MOVIMENTO, "PANIS ET CIRCENSIS" É TIDO POR MUITOS COMO O MELHOR DISCO BRASILEIRO

O movimento que a música Tropicália batizaria teve seu grande momento em 1968, com o lançamento de Tropicália ou Pania et Circensis. O álbum, considerado por muitos o melhor disco brasileiro de todos os tempos, reunia Caetano Veloso, Gilberto Gli, Torquato Neto, Capinan, Rogério Duprat, Os Mutantes, Tom Zé, Gal Costa e Nara Leão. Em comum tinham o desejo de beber nas fontes da cultura brasileira, incluir novas tendências que se deflagravam pelo país e incorporar vanguardas estrangeiras, na linha da antropofagia do modernista Oswald de Andrade.

O disco, com 12 faixas, traduzia todas as bandeiras do movimento: a releitura do brega (em Coração Materno, de Vicente Celestino) e a incorporação do concretismo (em Bat Macumba) e dos elementos da cultura pop (Baby e Parque Industrial) - sem contar os arranjos que traziam violino e orquestra ao lado de ruídos urbanos. A foto de capa, reunindo todos os participantes, tem uma origem evidente em Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, o disco que criou o conceito de álbum temático.

Ainda em 1968, Caetano Veloso e Gilberto Gli passaram a dirigir o programa Divino Maravilhoso, na TV Tupi. O programa; que misturava happenings, apresentação de convidados e canções da tropicália, durou apenas três meses. Após o Al-5, em dezembro, Caetano e Gil foram presos; considerados perigosos por influenciar a juventude com idéias e comportamentos "subversivos". Partiram para o exílio, mas a revolução estava feita.


[da: “100 CANÇÕES ESSENCIAIS DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA”, in rivista BRAVO!, numero speciale, maggio 2008]