TROPICÁLIA

Álbum originalmente lançado em 1968

Texto de Tarik de Souza

Reunidos na capa, os mentores da Tropicália juntam pão e circo da nova tese sob os arranjos polimorfos de Rogério Duprat. Da dramaticidade de Vicente Celestino (Coração materno), reverenciada por Caetano, ao hibrido pop Baby que endossa o rock-balada Diana, de Paul Anka, de 1957. Na salada semiótica do enredo, o concretista Batmacumba convive com o enumerativo Geléia geral, baseado no conceito de “medula e osso” de Décio Pignatari. Gil e Torquato fundem bumba-meu-boi e iê-iê-iê.

Brecht junta-se ao cordel em Mamãe, coragem de Caetano e Torquato, na voz de Gal Costa. O tempero latino sai da versão de João de Barro, o Braguinha (Trés caravelas), sucesso de Emilinha Borba, também de 1957. O bolerão Lindonéia/i> (Caetano/Gil) alista na Tropicalia a ex-musa da bossa, Nara Leão. Tom Zé estrela Parque industrial, título do livro de 1931, de Patricia Galvão, a Pagu, companheira do antropofágico Oswald de Andrade. Panis et circenses (Gil/ Caetano) toma sopa de ruídos sob o sarcasmo dos Mutantes. Estilete na ditadura, Enauanto seu lobo não vem (Caetano) passeia com as passeayas “denaixo da lama/ debaiso das bolas”.