CAETANO VELOSO (1967)

Álbum originalmente lançado em 19**

Texto de Tarik de Souza

A tropicapa de Rogério Duarte sublinhava em Caetano Veloso a subversao do bom gosto vigente. “Eu organizo o movimento/eu oriento o carnaval”, ditava Tropicália, no arranjo do erudito Julio Medaglia. Havia bolero/ samba-canção com empostação (Onde andarás com letra de Ferreira Gullar). Paisagem ùtil detonava a poética convencional num signo de consumo, “uma lua oval da Esso”. Guitarras e sopros do RC-7 de Roberto Carlos invadiam a pop Superbacana, enquanto a marchinha/ iê-iê-iê Alegria, alegria explodiria o Festival da MPB de 1967. Os mesmos Beat Boys argentinos do anterior alicerçam a anti-saga retirante (No dia que eu vim-me embora) e a ode ao recem-assassinado “Che” Guevara, a rumba Soy loco por ti, América.

Eles (parceria com Gil, baiao atravessado por distorçoes (“Os Mutantes são demais”, elogia Caetano), caricatura a pequena burguesia num contraponto ao lirismo de Clarice e às aliterações de Clara em dupla vocal com Gal. “Os acordes dissonantes já não bastam para cobrir nossa nudez transatlântica” , escreve Caetano na contracapa do disco em que desafina o coro dos contentes.