CAETANO & CHICO JUNTOS E AO VIVO

Álbum originalmente lançado em 1972

Texto de Tarik de Souza

Não era apena um encontro inédito entre Cae3tano e Chico, os dois ídolos marcados pela rivalidade dos festivais. Havia tensões maiores. Na primeira noite do show veio a notícia do suicídio de Torquato Neto, então um tropicalista dissidente. E a ditadura vigiava de perto o ex-preso político retornado do exílio e um dos autores mais censurados do país. Por isso, em partes da gravação, palmas do auditório encobrem palavras vetadas nas músicas de Chico, como Atras da porta, Partido alto, além de Bárbara e de Ana de Amsterdan, ambas da peça proibida Calabar, de Chico e Ruy Guerra.

Também há momentos relaxados nas antigas buarqueanas Morena dos olhos d'água e A Rita e na recém-lançada Esse cara, de Caetano, pelo próprio. Então recente, Você não entende nada, outra de Caetano por ele, embute dribles nos calões de plantão. A faixa coplaCotidiano retrabalhada por Chico num registro mais aguso que o habitual. Janelas abertas no 2, de Caetano, tem releitura sombra de Chico. O périplo termina no fado Os argonautas, com Caetano e o MPB-4 repetindo o mantra das trevas: “navegar é preciso/ viver não é preciso”.