CAETANO VELOSO

Álbum originalmente lançado em 1969

Texto de Tarik de Souza

O àlbum branco de Caetano é um disco de confinado político. Após a prisão, ele e Gil ficaram quatro meses sem poder sair de Salvador. A desolaçao salta dos temas. “Eu quero ir minha gente/ eu não sou daqui/eu não tenho nada”, canta entre as risadas nervosas de Irene. “Eu não sou daqui/ eu sou da Bahia”, reprisa a folclórica Marinheiro só. Composta e cantada em inglês, The empty boat (o barco vazio) liga-se, de alguma forma, ao fado Os Argonautas, que repôs em circulação a frase “navegar é preciso/ viver não é preciso”.

Ritmado com papel e pente, Chuvas de verão (Fernando Lobo) soa reverente. Jà a releitura de Carolina, de Chico Buarque, rival nos auditorios dos festivais, é interpretada como irreverente ao autor. Inegavel é o sarcasmo da revisita ao tango Cambalache (de Enrique Discépolo, de 1935). Duas peças de vanguarda (Acrilírico e Alfômega antecipam as turbulências de Araçá azul. E Caetano dita a moda dos próximos verões: Atrás do trio elétrico/ só não vai quem já morreu”,