DOMINGO

Álbum originalmente lançado em 1967

Texto de Tarik de Souza

Domingo saiu tarde, em 1967. Gal Costa e Caetano Veloso já estavam em outra. Tramavam o Tropicalismo que explodiria as estruturas da linha evolutiva da MPB até o final do mesmo ano. O disco ainda filia-se a uma especie de contrafluxo regionalista da Bossa Nova. segunda fase. Avalizados pelos arranjos de Dori Caymmi, Francis Hime e Roberto Menescal, Gal e Caetano, as vezes em faixas alternadas, unem o intimismo joãogilbertiano a um bucolismo acústico temperado por cordas e sopros diáfanos. A leve inflexao baiana cabe no lamento retirante (Quem me dera, Um dia) e metafísico (o baião Onde eu nasci passa um rio), todas de Caetano. Dele são ainda a valsa-título, dialogada com Gal e o samba Remelexo, que faz par com Maria Joana (Sidney Miller). Ha ainda marchinha folk (Zabelê) e canções modinheiras, como Minha senhora (ambas de Gil e Torquato Neto) e Nenhuma dor (Caetano/Torquato). Mas a pós-bossa Coração vagabundo já prenunciava a ambição estética do noviço: “Meu coração vagabundo/ quer guardar o mundo / em mim”.