CAETANO VELOSO (1969)

"Gravei só com Gilberto Gil ao violão, quando estava confinado, sem poder sair de Salvador. Até ir para o exílio em Londres, era impensável eu tocar violão num LP. Todo mundo achava meu violão abaixo do nível profissional. É um disco da minha situação na prisão. Tem Irene, que fiz na cadeia, sem violão, uma coisa portuguesa, que adoro. Gosto muito de sermos portugueses. Adorei a canção Portuga, do último disco do Cazuza. Tem Os Argonautas, que me foi sugerida por Bethânia. Tem Carolina, que é muito deprimida e tinha a ver com o disco. Fiz o disco confinado, gravamos eu e Gil lá em casa, num gravador de quatro canais. Tem Atrás do Trio, Elétrico, que é histórica. É o momento inaugural de toda a fase nova da música baiana. Tenho orgulho. Desencadeou o incremento dos trios elétricos. Fez Dodô e Osmar voltarem às ruas. A complementação dela veio com o Gil, na música Filhos de Gandhi. Foi o estopim para a onda de novos blocos. Resultou em tudo isso, na música da Bahia."

[depoimento à Marcia Cezimbra - Jornal do Brasil- 16/05/91]