TRANSA

Álbum originalmente lançado em 1972

Texto de Tarik de Souza

Também de Londres, Transa consolida Caetano Veloso como oraculo de uma geração, de quem a cada disco espera-se revelações. A capa-objeto é do baiano Álvaro Guimarães, que o descobriu como compositor. O português invade em colagem o inglês ainda dominante, como em You don't know me, que cita Maria Moita (Carlos Lyra/ Vinicius de Moraes), Reza (Edu Lobo/ Ruy Guerra) e Hora do adeus (Onildo Almeida/ Luiz Queiroga), sucesso de Gonzagan. Folk com tempero latino It's a long way (também de Caetano) evoca Zé do Norte (Sodade, meu bem sodade), a beatle Long and winding road, Consolação (Baden/ Vinicius) e Lagoa do Abaeté (Caymmi). Nostalgia (That's rock'n roll is all about), em clima rockabilly, arma paradoxo para um signo de juventude. Numa sacada visionaria, Caetano incorpora o reggae das andanças por Portobello Road (Nine out of ten).

Sucesso de Marlene em 1955, Mora na filosofia (Monsueto Menezes/ Arnaldo Passos) ganha tensa regravação. Musicado por Caetano, Tri.ste Bahia do poeta local Gregório de Matos Guerra (1623-1696), engata sambas-de-roda neste disco/ filme de roteirista de cinema.