A Blimp Filmes era a maior produtora de documentários da América Latina. A Blimp Filmes era a maior produtora de documentários da América Latina. A Blimp Filmes era a maior produtora de documentários da América Latina. Quando soubemos que o André iria realizar o Phono 73, acertamos com ele a filmagem de alguns momentos para uma possível utilização em cinema. O show foi captado em película 35 milímetros, com seis câmeras Arriflex. Naquela' como hoje, o negativo virgem era muito caro. Por esse motivo, não foi possível filmar todo o espetáculo. Elegemos, então, alguns números que mostravam um painel das várias tendências musicais do momento. Por exemplo: Caetano Veloso e a Tropicália; Chico Buarque e a música de contestação; as loucuras do Raul Seixas e por aí afora... A luz montada especialmente para o show do André Midani não era exatamente apropriada para cinema. Além disso, o pé direito do palco do Anhembi era muito baixo para a colocação de refletores adicionais. Vivíamos sob grave tensão política. Sabíamos que agentes da ditadura estavam infiltrados na platéia vigiando o espetáculo, o que ficou comprovado quando Chico e Gil cantavam "Cálice" e estes agentes violentamente desligaram os cabos de áudio, impedindo que a música fosse executada. Chico gritou "Censura filha da puta!" e em seguida atacou com "Vamos ao que pode" e cantou "Cotidiano", com uma ira nunca vista ou ouvida em suas gravações. Esse momento histórico felizmente nossas câmeras puderam captar. O material filmado, em virtude de toda aquela confusão, era muito fragmentado, o que tornou a edição longa e penosa, pois foi realizada em moviola e não contávamos com os recursos eletrônicos de hoje. Outra curiosidade desse projeto foi a editora do filme: a então menina Ana Carolina, hoje consagrada cineasta que também inspirou Chico Buarque no seu clássico "Carolina". Enfim, particularmente me sinto extremamente recompensado pela oportunidade de ter registrado para a História esse momento mágico da Música Popular Brasileira.