1968 MappeSonore - per una geografia dell'orecchio

NOTA SOBRE: AQUELE ABRAÇO

samba de Gilberto Gil (1969)

Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello

Em dezembro de 68, no auge da repressão desencadeada pelo AI-5, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos e recolhidos a um quartel do Exército no subúrbio de Deodoro, no Rio de Janeiro. Meses depois, confinados na Bahia, os dois tiveram permissão da ditadura para exilar-se em Londres. Desse episódio ficou "Aquele Abraço", uma composição em que Gil 138 Ia Parte: 1958 a 1972 A Canção no Tempo - Vol. 2 139 despede-se do Rio e do povo brasileiro, em versoS bem humorados cantados em ritmo de samba: "O Rio de Janeiro continua lindo / O Rio de Janeiro continua sendo / o Rio de Janeiro, fevereiro e março / alô, alô, Realengo, aquele abraço / alô torcida do Flamengo, aquele abraço..." No livro Todas as letras, o compositor conta que começou a fazer a canção em casa de Mariah Costa, mãe de Gal, numa visita ao Rio, quando negociava a liberação para o exílio. No avião, de volta para Salvador, ele a completou sobre uma melodia fácil a fim de não esquecê-la. Quanto ao mote "aquele abraço", esclarece: "era assim que os soldados me saudavam no quartel". O que Gil desconhecia era o fato de a expressão ter sido popularizada pelo comediante Lilíco, que a usava como bordão num programa de televisão. "Aquele Abraço" permaneceu durante dois meses em primeiro lugar nas paradas de sucesso e é a composição mais executada de Gilberto Gil.

Fonte: Livro A Canção no Tempo - 85 anos de Música Brasileira Vol. 2, 1a edição, 1997, editora 34, pp. 139-140