NOTA SOBRE: Festa para um Rei Negro (Pega no Ganzê)

samba-enredo/carnaval de Zuzuca (1971)

Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello

No carnaval de 71, quando o samba-enredo já ocupava o espaço da 1 canção tradicional, o compositor Zuzuca (Adil de Paula) procurou ganhar a preferência dos foliões inserindo entre as longas estrofes de "Festa para um Rei Negro" um refrão curto, bem sincopado, segundo ele, baseado no ritmo do caxambu (um tipo de batuque de origem folclórica que nada tem a ver com o tema da composição). Resultado: "Festa para um Rei Negro", samba-enredo dos Acadêmicos do Salgueiro, alcançou um sucesso extraordinário que transcendeu o período carnavalesco. Só que com o nome de "Pega no Ganzê", em razão do refrão consagrado pelo público: "Ô lê lê, ô lá lá / pega no ganzê / pega no ganzá." No carnaval seguinte, Zuzuca repetiu o artifício no samba "Mangueira, Minha Madrinha Querida" ("Tengo-tengo, Santo Antônio e Chalé / minha gente / é muito samba no pé"), mas já então sem a força da novidade. Coube a Jair Rodrigues a principal gravação de "Festa para um Rei Negro" que, classificada como "samba-reisado", puxou a vendagem de seu elepê de título homônimo.

Fonte: Livro A Canção no Tempo - 85 anos de Música Brasileira Vol. 2, 1a edição, 1997, editora 34, p. 164