Objeto semi-identificado
Gilberto GilGilberto Passos Gil Moreira. Salvador de Bahia, 29/6/1942.
(voz, violão)
Lanny GordinAlexander "Lanny" Gordin. Shanghai, 28/11/1951
(guitarra elétrica)
Sérgio Barroso
(baixo elétrico)
Wilson das NevesRio de Janeiro (RJ), 14/06/1936 - 26/08/2017
(bateria)
Chiquinho de Moraes
(pianoforte, orgão, arrangiamento ottoni)
Rogério DupratRio de Janeiro, 7/2/1932 - 26/10/2006
(arranjo, direção musical)
(voz, violão)
Lanny GordinAlexander "Lanny" Gordin. Shanghai, 28/11/1951
(guitarra elétrica)
Sérgio Barroso
(baixo elétrico)
Wilson das NevesRio de Janeiro (RJ), 14/06/1936 - 26/08/2017
(bateria)
Chiquinho de Moraes
(pianoforte, orgão, arrangiamento ottoni)
Rogério DupratRio de Janeiro, 7/2/1932 - 26/10/2006
(arranjo, direção musical)
Diga lá.
- Digo eu.
- Diga você.
- E línguas como que de fogo tornaram-se invisíveis.
E línguas como que de fogo tornaram-se invisíveis. E se distribuíram e sobre cada um deles assentou-se uma. E todos eles ficaram cheios de espírito santo e principiaram a falar em línguas diferentes.
- Eu gosto mesmo é de comer com coentro. Uma moqueca, uma salada, cultura, feijoada, lucidez, loucura. Eu gosto mesmo é de ficar por dentro, como eu estive na barriga de Claudina, uma velha baiana cem por cento.
- Tudo é número. O amor é o conhecimento do número e nada é infinito. Ou seja: será que ele cabe aqui no espaço beijo da fome? Não. Ele é o que existe, mais o que falta.
- O invasor me contou todos os lances de todos os lugares onde andou. Com um sorriso nos lábios ele disse: "A eternidade é a mulher do homem. Portanto, a eternidade é seu amor".
Compre, olhe, vire, mexa. Talvez no embrulho você ache o que precisa. Pare, ouça, ande, veja. Não custa nada. Só lhe custa a vida.
- Entre a palavra e o ato, desce a sombra. O objeto identificado, o encoberto, o disco-voador, a semente astral.
- A cultura, a civilização só me interessam enquanto sirvam de alimento, enquanto sarro, prato suculento, dica, pala, informação.
- A loucura, os óculos, a pasta de dentes, a diferença entre o 3 e o 7. Eu crio.
A morte, o casamento do feitiço com o feiticeiro. A morte é a única liberdade, a única herança deixada pelo Deus desconhecido, o encoberto, o objeto semi-identificado, o desobjeto, o Deus-objeto.
- O número 8 é o infinito, o infinito em pé, o infinito vivo, como a minha consciência agora.
- Cada diferença abolida pelo sangue que escorre das folhas da árvore da morte. Eu sou quem descria o mundo a cada nova descoberta. Ou apenas este espetáculo é mais um capítulo da novela "Deus e o Diabo etc. etc. etc."
- O número 8 dividido é o infinito pela metade. O meu objetivo agora é o meu infinito. Ou seja: a metade do infinito, da qual metade sou eu, e outra metade é o além de mim.
- E fim de papo.
- Tá legal.
© Gege Edições Musicais ltda (Brasil e América do Sul) / Preta Music (Resto do mundo) / Direto
64996450
Nota:
"Uma leitura de pequenos excertos dos nossos cadernos de anotações - meu e de Rogério Duarte -, fruto das longas conversas que tivemos durante os três meses [após a prisão no Rio] em que convivemos então em Salvador; das nossas especulações sobre sobrenaturalidade e hiper-realidade; das nossas leituras sobre yoga; das elaborações que fiz de minhas meditações na prisão. O Rogério Duprat colocou a música depois."
- Digo eu.
- Diga você.
- E línguas como que de fogo tornaram-se invisíveis.
E línguas como que de fogo tornaram-se invisíveis. E se distribuíram e sobre cada um deles assentou-se uma. E todos eles ficaram cheios de espírito santo e principiaram a falar em línguas diferentes.
- Eu gosto mesmo é de comer com coentro. Uma moqueca, uma salada, cultura, feijoada, lucidez, loucura. Eu gosto mesmo é de ficar por dentro, como eu estive na barriga de Claudina, uma velha baiana cem por cento.
- Tudo é número. O amor é o conhecimento do número e nada é infinito. Ou seja: será que ele cabe aqui no espaço beijo da fome? Não. Ele é o que existe, mais o que falta.
- O invasor me contou todos os lances de todos os lugares onde andou. Com um sorriso nos lábios ele disse: "A eternidade é a mulher do homem. Portanto, a eternidade é seu amor".
Compre, olhe, vire, mexa. Talvez no embrulho você ache o que precisa. Pare, ouça, ande, veja. Não custa nada. Só lhe custa a vida.
- Entre a palavra e o ato, desce a sombra. O objeto identificado, o encoberto, o disco-voador, a semente astral.
- A cultura, a civilização só me interessam enquanto sirvam de alimento, enquanto sarro, prato suculento, dica, pala, informação.
- A loucura, os óculos, a pasta de dentes, a diferença entre o 3 e o 7. Eu crio.
A morte, o casamento do feitiço com o feiticeiro. A morte é a única liberdade, a única herança deixada pelo Deus desconhecido, o encoberto, o objeto semi-identificado, o desobjeto, o Deus-objeto.
- O número 8 é o infinito, o infinito em pé, o infinito vivo, como a minha consciência agora.
- Cada diferença abolida pelo sangue que escorre das folhas da árvore da morte. Eu sou quem descria o mundo a cada nova descoberta. Ou apenas este espetáculo é mais um capítulo da novela "Deus e o Diabo etc. etc. etc."
- O número 8 dividido é o infinito pela metade. O meu objetivo agora é o meu infinito. Ou seja: a metade do infinito, da qual metade sou eu, e outra metade é o além de mim.
- E fim de papo.
- Tá legal.
© Gege Edições Musicais ltda (Brasil e América do Sul) / Preta Music (Resto do mundo) / Direto
64996450
Nota:
"Uma leitura de pequenos excertos dos nossos cadernos de anotações - meu e de Rogério Duarte -, fruto das longas conversas que tivemos durante os três meses [após a prisão no Rio] em que convivemos então em Salvador; das nossas especulações sobre sobrenaturalidade e hiper-realidade; das nossas leituras sobre yoga; das elaborações que fiz de minhas meditações na prisão. O Rogério Duprat colocou a música depois."