Esse cara

Ah, que esse cara tem me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido

Ele está na minha vida porque quer
Eu estou pra o que der e vier
Ele chega ao anoitecer
Quando vem a madrugada, ele some

Ele é quem quer
Ele é o homem
Eu sou apenas uma mulher



© 1972 Editora Gapa


NOTE:
Bethânia havia me pedido uma música; eu escrevi a letra e deixei pronta.
E como Macalé estava morando em Londres comigo, porque estávamos fazendo Transa, pedi a ele para botar música e deixei a letra com ele. Pensei que seria bom ter uma parceria nossa, sobretudo porque era para Bethânia, pois a Gal já tinha gravado uma música dele com o Waly,“Vapor barato”.1 Ele ficou muitos dias com a letra. Um dia, de madrugada, ele veio do quarto dele e disse assim:“Olha aqui, eu não vou fazer isso não, porque depois essa letra vai ficar com o meu nome e eu não me sinto bem...”.
Isso porque os amigos dele, cariocas, podiam achar que aquilo era coisa de veado, qualquer coisa assim!
Ai eu disse:“Tá bom, eu faço”.
E fiz. Bethânia gravou e arrebentou.

1. Sucesso do show Fa-tal / Gal a todo vapor, de 1971, com direção musical de Waly Salomão. O álbum duplo que o registrou, gravado ao vivo, é do mesmo ano.
[Caetano Veloso, Sobre as letras, Editora Schwarcz, São Paulo, 2003]

    Esse cara fu composta appositamente per la sorella Maria Bethânia, nello stesso periodo in cui Caetano lanciò l'LP Araçá azul, il suo disco più sperimentale. È uno dei brani "tradizionali" di questo periodo, senza grandi preoccupazioni con la forma.
   L'LP Drama, in cui fu lanciata la composizione, segnò l'avvento di una nuova fase della carriera di Bethânia.

    Esse cara foi composta especialmente para a mana Maria Bethânia, na mesma época em que Caetano lançou o LP Araçá azul, seu disco mais experimental. É uma das músicas "tradicionais" desse período, sem grandes preocupações com a forma.
   O LP Drama, onde foi lançada a composição, marcou a afirmação de uma nova fase da carreira de Bethânia.
[Nova História da Música Popular Brasileira – Caetano Veloso, fascicolo + disco, Abril Cultural, seconda edizione, 1978]