Sei lá, Mangueira

Paulo Marquez
  (voz)

Vista assim, do alto
Mais parece um céu no chão
Sei lá...
Em Mangueira a poesia
Feito um mar se alastrou
E a beleza do lugar
Pra se entender
Tem que se achar
Que a vida não é só isso que se vê
É um pouco mais
Que os olhos não conseguem perceber
E as mãos não ousam tocar,
E os pés recusam pisar
Sei lá, não sei
Sei lá, não sei
Não sei se toda beleza
De que lhes falo
Sai tão-somente do meu coração
Em Mangueira a poesia
Num sobe-desce constante
Anda descalça ensinando
Um modo novo da gente viver
De pensar e sonhar de sofrer
Sei lá, não sei
Sei lá não sei não
A Mangueira é tão, grande
Que nem cabe explicação


© Irmãos Vitale S.A. Indústria e Comércio.


NOTE:
    Sei lá, Mangueira foi o primeiro grande sucesso de Paulinho da Viola. Apresentada no IV Festival de Música Popular da Record, de São Paulo, não venceu o concurso mas caiu no gosto do público e provocou um início de carnaval na platéia. Defendida por Elza Soares, foi gravada por ela no compacto simples Odeon n.° 711-342, em outubro de 1968. O sucesso de vendas justificou outras gravações e regravações, com outros intérpretes.
    A letra, de Hermínio Bello, foi mostrada a Paulinho, que gostou e fez. a música em 15 minutos. A composição devia ser incluída em um show que nunca chegou a ser montado. Sem o conhecimento de Paulinho, Hermínio inscreveu a música no Festival da Record. Paulinho tentou retirá-la. Não conseguiu. Torceu para que fosse desclassificada. Não adiantou. O sucesso da música (homenagem à Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira) deixou Paulinho meio malvisto na Portela, situação só modificada com Foi um rio que passou em minha vida.
[Nova História da Música Popular Brasileira – Paulinho da Viola , fascicolo + disco, Abril Cultural, seconda edizione, 1978]

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