Esquecimento

No amor, a posse é o lindo prêmio cobiçado!
Dela dimana a mais excelsa embriaguez...
Supremo culto de carinho e de pecado
Que vale a pena se tentar mais de uma vez
Um grande amor floresce e morre num momento
Numa eclosão do mesmo olhar que o germinou...
Depois de tudo é natural o esquecimento
Que o tédio desça sobre o sonho que passou
Eu não recordo o nosso amor...
Enganador...
O rompimento é natural
- É sempre igual...
Quem vive sofre, o amor só traz desilusão
Ao triste cofre que se chama coração!
Não sei por que eu penso em ti, neste momento
Em que releio tantos versos que eu te fiz!
Se o nosso amor já naufragou no esquecimento
Por que será que eu estou chorando e sou feliz?
Quisera odiar-te, eternamente, alma fingida
Mas pouco a pouco estou perdendo esta ilusão
Tu viverás junto de mim por toda a vida
Porque a saudade não me sai do coração!


©  Mangione & Filhos.

Nota:
   Esta foi a primeira composição da dupla Celestino-Rossi, que produziria mais catorze gravações de grande penetração popular. Rossi, por sinal, acabara de compor, em parceria com Gastão Lamounier, dois expressivos sucessos, gravados por Carlos Galhardo: E o destino desfolhou e Assim acaba um grande amor.
   Esquecimento foi gravado por Celestino entre dois dos maiores êxitos do cantor - Coração materno e Patativa -, mas não chegou a ser prejudicado pela penetração das duas outras músicas.
   Nesta composição não se nota mais a influência do tango-canção de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera. A bem elaborada letra de Rossi adapta-se com perfeição à ótima condução melódica de Celestino, feita, como sempre, para seu timbre e extensão vocal.
[Nova História da Música Popular Brasileira – Vicente Celestino , fascicolo + disco, Abril Cultural, seconda edizione, 1978]