Patativa

Vicente CelestinoAntônio Vicente Felipe Celestino. Rio de Janeiro, 12/9/1894 - São Paulo, 23/8/1968
  (voz)

Orquestra Victor Brasileira
  (pianoforte, violini, cello [violoncello], contrabaixo, clarinete)

Acorda, patativa, vem cantar
Relembra as madrugadas que lá vão
E faz da tua janela o meu altar
Escuta a minha eterna oração
Eu vivo inutilmente a procurar
Alguém que compreenda o meu amor
E vejo que é destino meu sofrer
É padecer, não encontrar
Quem compreenda o trovador
Eu tenho n'alma um vendaval sem fim
E uma esperança que hás de ter por mim
O mesmo afeto que juravas ter
Para que acabe este meu sofrer
Eu sei que juras cruelmente em vão
Eu sei que preso tens o coração
Eu sei que vives tristemente a ocultar
Que a outro amas, sem querer amar
Mulher, o teu capricho vencerá
E um dia tua loucura findará
A Deus, a Deus, minha alma entregarei
Se de outro fores, juro, morrerei
Amar, que sonho lindo, encantador
Mais lindo por quem leal nos tem amor
E tu vens desprezando sem razão
A mim que choro e busco em vão
O teu ingrato coração


©  Mangione & Filhos.

Nota:
   Uma das composições mais características de Vicente Celestino, acabou por criar um neologismo português, dando o apelido de "patativa" às pessoas de voz bonita.
   Na gravação, feita na Rádio Transmissora, com Radamés Gnattali ao piano, nota-se a nítida influência da canção napolitana, bastante em voga na época, que se misturava com os principais elementos da canção romântica dos anos 20 e 30, como a condução melódica e o texto voltado para aspectos da natureza, em comparação com os sentimentos amorosos.
[Nova História da Música Popular Brasileira – Vicente Celestino , fascicolo + disco, Abril Cultural, seconda edizione, 1978]