Serenata

Na Guanabara um barco a vela navegava
Dentro de um raio de luar franjado em prata
Em um bandolim lá no barquinho alguém tocava
A mais sublime e deliciosa serenata
Segui o barco em outro barco para ver
Quem manejava o bandolim com tanto ardor
E uma sereia oiço cantando assim dizer:
- Onde estará meu grande amor?
Meu bandolim, leva tua voz
Ao coração que não me quer
Chama-o cruel e de atroz
Que quem te pede é uma mulher
Diga que o amo e que o adoro
Tu que conheces o meu padecer
Meu bandolim, vai com tua voz
Ao meu amor falar por mim
Porque sem ele eu vou morrer...
De meu barquinho respondi:
Igual a ti eu vivo em solidão
E ela de lá me respondeu:
- Se teu amor é igual ao meu
Te entrego inteiro o coração


©  Mangione & Filhos.

Nota:
   Esta é uma das composições típicas da carreira de Vicente Celestino no período entre 1935 e 1945. Voltada a uma imagem de fervoroso lirismo, criada pelo próprio ambiente da cidade do Rio de Janeiro, é uma canção feita na medida exata dos limites vocais do intérprete. Possui algumas características da canção napolitana, que identificam o estilo teatral do intérprete. Um dos grandes sucessos de Vicente Celestino na década de 40, conquistou os maiores índices de vendagem de discos conhecidos até então.
   No verso do 78 rpm foi gravada a canção Quero voltar, também de grande penetração popular.
[Nova História da Música Popular Brasileira – Vicente Celestino , fascicolo + disco, Abril Cultural, seconda edizione, 1978]