Ouvindo-te

Vicente CelestinoAntônio Vicente Felipe Celestino. Rio de Janeiro, 12/9/1894 - São Paulo, 23/8/1968
  (voz)

orchestra
  (pianoforte, violini, cello [violoncello], contrabaixo, clarinete)

Basta!
O castigo que vens dando
Está
Pouco a pouco me matando
Canto
De ti só oiço o contracanto
No entanto queria ver
Justo seria conhecer
Quem vivo a amar e adorar
A tua voz estou a ouvir
No entanto eu queria a ti sentir
És tão cruel, que mal te fiz
Que mesmo sem te ver sempre te quis?
E teu prazer é que eu sofra de amor
Por ti
Que te ame sem te ver
Meu bem-te-vi
E bastaria
Que uma só vez te visse, flor
Depois morrer dizendo
Bendito amor


© Mangione & Filhos.

Nota:
   Em fins de 1934, Gilda Abreu estava hospitalizada. Certo dia, ao receber a visita de Vicente Celestino, comentou sobre um bem-te-vi que cantava na árvore em frente à janela, mas que ela nunca conseguia ver. Vicente se inspirou nessa imagem - a ave que canta mas não é vista - para compor Ouvindo-te.
   Contratado pela RCA Victor, no início de 1935, Vicente Celestino decidiu gravar Ouvindo-te e, do outro lado do mesmo 78 rpm, mais um tango de extraordinário sucesso, Rasguei o teu retrato, de Cândido das Neves.. Esta gravação de estréia na RCA Victor foi um grande sucesso, apesar de já ter feito mais de cinqüenta registros em outras gravadoras (Odeon, Popular e Columbia, atual Continental).
   Na gravação original, aqui apresentada, o compositor apresenta-se ao lado de Gilda Abreu, que vocaliza o acompanhamento, num estilo característico das operetas européias e muito apreciado na época.
[Nova História da Música Popular Brasileira – Vicente Celestino , fascicolo + disco, Abril Cultural, seconda edizione, 1978]