Porta aberta

Vinha por este mundo sem um teto
Dormia as noites num banco tosco de jardim
Sem ter a proteção de um afeto
Todas as portas estavam fechadas para mim...
Mas Deus, que tudo vê e nos consola
Em Seu Sagrado Templo me acolheu
E, além de me ofertar aquela esmola
Meu destino transformou
Meu sofrimento acabou
E a minha vida renasceu...
Porta aberta
Tendo o emblema de uma cruz
Essa porta não se fecha
Contra ela não há queixa
São os braços de Jesus
Porta aberta
Por Jesus de Nazaré
Desvendou-me o bom caminho
Hoje é o meu doce ninho
Novamente deu-me a fé
Porta aberta
Já não vivo mais ao léu
Porta aberta
Ao transpor-te entrei no céu
Porta aberta
Nunca mais hei de esquecer
Que és na terra minha luz
És o bem que me conduz
Desde o berço até morrer!


©  Mangione & Filhos.

Nota:
   A gravação original foi feita pelo próprio Vicente Celestino, acompanhado pela orquestra da RCA Victor, em disco RCA Victor n.° 800427, em 2 de maio de 1946.
   Segundo Gilda Abreu, esta composição foi feita sob sua encomenda, especialmente para uma das cenas do filme O ébrio, no momento em que, segundo a melodramática narrativa, apenas uma porta se abria para a personagem principal: a da Igreja
   Seu sucesso, entretanto, ocorreu pelo rádio antes que o filme fosse exibido. O disco foi lançado três meses depois da fita.
   O texto que Vicente Celestino criou para esta composição foi sempre considerado como um dos mais equilibrados de toda sua obra, apesar de sustentado por imagens fantásticas e abstratas.
   A gravação primitiva, lançada em agosto de 1946; confirmou a extraordinária popularidade que Vicente Celestino gozava.
[Nova História da Música Popular Brasileira – Vicente Celestino , fascicolo + disco, Abril Cultural, seconda edizione, 1978]