O mar (Canção praiera)

Show "Rosa dos Ventos", Teatro da Praia, Rio de Janeiro, 27/07/1971

O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito
O mar pescador quando sai
Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
Nas ondas do mar
O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito

Pedro vivia da pesca
Saia no barco
Seis horas da tarde
Só vinha na hora do sol raiá
Todos gostavam de Pedro
E mais do que todas
Rosinha de Chica
A mais bonitinha
E mais bem feitinha
De todas as mocinha lá do arraiá

Pedro saiu no seu barco
Seis horas da tarde
Passou toda a noite
Não veio na hora do sol raiá
Deram com o corpo de Pedro
Jogado na praia
Roído de peixe
Sem barco sem nada
Num canto bem longe lá do arraiá

Pobre Rosinha de Chica
Que era bonita
Agora parece
Que endoideceu
Vive na beira da praia
Olhando pras ondas
Andando rondando
Dizendo baixinho
Morreu, morreu, morreu, oh...
O mar quando quebra na praia


© Mangione & Filhos.


NOTA:
   Gravação original do próprio Caymmi, em agosto de 1940, no 78 rpm Colúmbia n.° 55247, com arranjos de Radamés Gnatalli.
   Relata-se, na parte central, uma tragédia praieira - tema que o compositor retomaria pouco depois em A jangada voltou só. De maneira magistral, Caymmi faz conflitar a acolhedora aparência do mar ("O mar.../ Quando quebra na praia / É bonito... é bonito...) com a dura realidade (Quanta gente perdeu/ Seus marido... / Seus filho... / Nas ondas do mar..,"). Na estrutura, Caymmi utiliza a fórmula A-B-A, ou seja: recitativo (abertura e fecho) e um marcado batuque (tragédia do pescador Pedro e desvario de Rosinha, "dizendo baixinho: morreu... morreu").
[Nova História da Música Popular Brasileira - Dorival Caymmi, fascicolo + disco, Abril Cultural, seconda edizione, 1978]
Il mare
Quando s'infrange sulla spiaggia
È bello, è bello
Il mare
Quanta gente ha perso i suoi mariti, i suoi figli
Fra le onde del mare
Il mare

Pedro viveva di pesca
Usciva con la barca alle sei di sera
Tornava solo all'alba
Tutti volevano bene a Pedro
E più di tutti, Rosinha della Chica
La più bellina e più carina
Di tutte le ragazze là di Arraiá

Pedro uscì con la sua barca alle sei di sera
Passò tutta la notte e non tornò all'ora dell'alba
Incontrarono il corpo di Pedro riverso sulla spiaggia
Morso dal pesce, senza barca, senza niente
In un angolo ben lontano là di Arraiá

Povera Rosinha di Chica
Che era bella e ora sembra impazzita
Vive in riva alla spiaggia guardando fra le onde
Camminando, girando, dicendo fra sé:
"È morto, è morto"
 Morto, oh

Il mare
Quando s'infrange sulla spiaggia
 bello, è bello