Fez bobagem

Show na boite Flag, Rio de Janeiro, agosto 1972

Meu moreno fez bobagem
Maltratou meu pobre coração
Aproveitou a minha ausência
E botou mulher sambando no meu barracão
Quando eu penso que outra mulher
Requebrou pra meu moreno ver
Nem dá jeito de cantar
Dá vontade de chorar
E de morrer
Deixou que ela passeasse na favela com o meu penhoar
Minha sandália de veludo deu a ela para sapatear
E eu bem longe me acabando
Trabalhando pra viver
Por causa dele dancei rumba e o fox-trote
Para inglês ver


© Irmãos Vitale S/A Indústria e Comércio.


Nota:
   A gravação original foi feita por Aracy de Almeida e o regional da RCA Victor, ém disco RCA, de 20 de janeiro de 1942.
   Esse samba é considerado por muitos críticos uma das derradeiras produções de categoria de Assis Valente. Não obstante ter-se valido de uma temática já em desgaste, Assis revelou ser um melodista excepcional, sincronizando letra e música de maneira magistral. O certo é que Fez bobagem tornou-se o final de um estilo ao qual Assis dificilmente retornaria com êxito.
   A música, feita em 1941, enfrentou inúmeros problemas. Os anos de guerra tornaram difíceis as graváções. Cármen Miranda, sua cantora preferida, e para quem ele tinha feito a música, fora viver nos Estados Unidos. Em sua substituição veio Aracy de Almeida, bem sucedida lançadora da música em 1942. Em 1969, Sidney Miller tornou esse samba compatível com a bossa-nova, deixando a gravação por conta de Nara Leão.
    [Nova História da Música Popular Brasileira – Assis Valente, fascicolo + disco, Abril Cultural, seconda edizione, 1978]