Morena dos olhos d'água

Morena dos olhos d’água
Tira seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale o sorriso
Que eu tenho pra lhe dar
Descansa em meu pobre peito
Que jamais enfrenta o mar
Mas que tem braço estreito, morena
Com jeito de te agradar
Vem ouvir quantas histórias
Que por seu amor sonhei
Vem saber quantas vitórias, morena
Por mares que só eu sei
O seu homem foi embora
Prometendo voltar já
Mas as ondas não tem hora, morena
De partir ou de voltar
Passa vela e vai-se embora
Passa o tempo e vai também
Mas meu canto ainda te implora, morena
Agora, morena, vem


1966 © by Editora Musical Arlequim Ltda. Av. Rebouças, 1700 CEP 057402-200 - São Paulo - SP Todos os direitos reservados. Copyright Internacional Assegurado. Impresso no Brasil


NOTE:

Inúmeras matérias de jornal atribuem à psicanalista e socialite Eleonora Mendes Caldeira o status de inspiradora dessa música. Uma das poucas vezes em que Chico falou publicamente sobre o assunto foi no DVD À flor da pele:


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Todo mundo gosta [..] de querer ligar canções ou obras à vida de seus autores, o que glamoriza a biografia, mas empobrece a imaginação 1.1 O que acontece também é que você pode fazer canções e depois atribuir, dar de presente... [..] Ah! Essa foi pra você". Você pode fazer uma cancão pra determinada pessoa e tal. [..] A cancão é feita pensando na pessoa, mas o que vem depois, as palavras que estão ali, não são biográficas. Os nomes que estão nas canções... não me lembro no meu caso de ter feito... [..] Outros fazem. [..] As minhas são todas inventadas. [..] Aguela menina era bonita. Você não vai botar isso na entrevista. Hoje ela é uma senhora. [..] Eu lembro que ia a missa dos dominicanos... eu e a minha turma... pra ver a Eleonora. Ela era simplesmente maravilhosa [..] mas eu não ousava chegar muito perto [..] Tinha medo de tirar pra dançar porque podia levar uma tábua, como se dizia na época. Mas depois que eu virei famoso, deu pra chegar a ela sem medo de levar tábua.


Como se vê, ele não disse um sim ou um não peremptório. As irmãs Ana de Holanda (Bahia) e Maria do Carmo (Pi) tem outra versão. Garantem que quando Chico terminou "Morena dos olhos d'água", ligou para mais de uma mulher dizendo serem elas a musa.


[Wagner Homem, Histórias de canções - Chico Buarque, Texto Editores Ltda (Leya), São Paulo, 2009, pp. 39-40]

Mora dagli occhi d’acqua, distogli lo sguardo dal mare
Vieni a vedere che la vita ancora vale il sorriso che io ho da darti
Riposa sul mio povero petto, che mai più affronterà il mare
Ma che ha un abbraccio forte, Mora, che pùò soddisfarti
Vieni a sentire quante storie che
ho sognato per l’amore
che ho per te
Vieni a sapere quante vittorie, Mora , per mari che solo io conosco
Il tuo uomo partì promettendo di tornar presto
Ma le onde non hanno un orario, M
ora, di partenza o di ritorno
Passa una vela e se ne va, passa
il tempo e se ne va anch’esso
Ma il mio canto ancora ti implora, Mora, adesso, Mora, vieni

Traduzione di Guido Rita