Geni e o Zepelim

Chico Buarque [*]Francisco Buarque de Hollanda. Rio de Janeiro. 19/6/1944.
  (voz, violão)

Francis Hime [*]Francis Victor Walter Hime. Rio de Janeiro, 31/8/1939.
  (pianoforte, arranjo, regência)

Sérgio Carvalho [*]
  (pianoforte, produtor)

Octávio Bonfá Burnier [*]Luiz Octavio Bonfá Burnier, aka Tavynho/Tavinho Bonfá. Rio de Janeiro. 28/07/1952
  (violão, violão 12 cordas)

Neco [*]Daudeth Azevedo. Rio de Janeiro, 23/09/1932 - Rio de Janeiro, ?/08/2009
  (violão, cavaquinho)

Nélson Ángelo [*]Nelson Angelo Cavalcanti Martins. Belo Horizonte (MG), 15/06/1949
  (violão)

Geraldinho [*]
  (violão)

Dino 7 cordasHorondino José da Silva. Rio de Janeiro, 5/05/1918 - 27/05/200
  (violão 7 cordas)

Alceu Maia [*]Alceu Camara Maia. Rio de Janeiro, 12/05/1953
  (cavaquinho)

Valmar Gama [*]Valmar Gama de Amorim. Rio de Janeiro [RJ], 7/09/1949
  (cavaquinho)

José (Zé) MenezesJosé Menezes de França. Jardim, Ceará, 6/07/1921 - Teresópolis, Rio de Janeiro, 31/06/2014
  (bandolim)

NovelliDjair de Barros e Silv. Recife, 20/01/1945
  (baixo elétrico)

Élber Bedack (Bedaque) [*]
  (bateria)

Pasc(h)oal Meirelles [*]Pascoal de Souza Meirelles. Belo Horizonte, 11/09/1944
  (bateria)

Chico Batera [*]
  (percussão)

Ary Carvalhaes [*]
  (percussão)

Café [*]
  (percussão)

Juquinha [*]Juca Stockler
  (percussão)

Marku Ribas [*]Pirapora (Minas Gerais)
  (percussão)

Geraldo Bongô [*]
  (ritmo)

Jorginho do Pandeiro [*]Jorge José da Silva. Rio de Janeiro, 1930 -
  (ritmo)

Luna [*]Roberto Bastos Pinheiro
  (ritmo)

Ney Martins [*]
  (ritmo)

Wilson Canegal [*]
  (ritmo)

Wilson das Neves [*]Rio de Janeiro (RJ), 14/06/1936 - 26/08/2017
  (ritmo)

Turma do Jackson do Pandeiro [*]
  (ritmo)

Braz Limonge Filho [orchestra]
  (oboé)

Noel Devos [orchestra]
  (fagote)

Netinho [orchestra]
  (clarinete)

José Botelho [orchestra]
  (clarinete)

Celso Porta Woltzenlogel [orchestra]
  (flauta)

Franklin [Franklin da flauta] [orchestra]Franklin Corrêa da Silva Neto. Rio de Janeiro, 19/8/1949
  (flauta)

Jorginho da Flauta [orchestra]Jorge Ferreira da Silva
  (flauta)

Emílio Baptista [orchestra]
  (sax alto)

Jayme Araújo [orchestra]
  (sax alto)

Edmundo (Ed) Maciel [orchestra]Edmundo Maciel Palmeira. Belo Horizonte, MG, Brasil, 21/01/1927 - Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 04/08/2011
  (trombone)

João Luiz Maciel [orchestra]
  (trombone)

Manoel Araújo [orchestra]
  (trombone)

Macaxeira [orchestra]
  (trombone baixo)

Darcy (da) Cruz [orchestra]
  (trompete)

Formiga [orchestra]José Pinto. Nova Friburgo, 4/10/1929
  (trompete)

Hamilton Pereira Cruz [orchestra]
  (trompete)

José Barreto [orchestra]
  (trompete)

Márcio Montarroyos [orchestra]Márcio Cavalcanti Montarroyos. Rio de Janeiro, 8/06/1948 - 12/12/2007
  (trompete)

Maurílio da Silva Santos [orchestra]Rio de Janeiro, 11/02/1922
  (trompete)

Santos [orchestra]
  (trompete)

Walmir Gil [orchestra]Walmir de Almeida Gil
  (trompete)

Giancarlo Pareschi [orchestra]
  (violino spalla)

José Alves da Silva [orchestra]
  (violino)

Alvaro Vetere [orchestra]
  (violino)

André Charles Guetta [orchestra]
  (violino)

Bailon Francisco Pinto [orchestra]
  (violino)

Carlos Eduardo Hack [orchestra]
  (violino)

Ernani Bordinhão [orchestra]
  (violino)

João Daltro de Almeida [orchestra]
  (violino)

Jorge Faini [orchestra]
  (violino)

José Dias de Lama [orchestra]anche: de Lana
  (violino)

Luiz Carlos Campos Marques [orchestra]
  (violino)

Marcelo Pompeu Filho [orchestra]
  (violino)

Natércia Teixeira Silva [orchestra]
  (violino)

Robert Eduardi Arnaud [orchestra]
  (violino)

Virgilio Arraes Filho [orchestra]
  (violino)

Walter Hack [orchestra]
  (violino)

Arlindo Figueiredo Penteado [orchestra]
  (viola de arco)

Eduardo Roberto Pereira [orchestra]
  (viola de arco)

Frederick Stephan(y) [orchestra]
  (viola de arco)

Gerson Flinkas [orchestra]
  (viola de arco)

Alceu de Almeida Reis [orchestra]Rio de Janeiro, 1946.
  (cello [violoncello])

Ana Bezerra [orchestra]
  (cello [violoncello])

Giorgio Bariola [orchestra]
  (cello [violoncello])

Jorge Kundert [Iura] Ranevsky [orchestra]
  (cello [violoncello])

Edson Lobo [orchestra]
  (contrabaixo)

Sandrino Santoro [orchestra]
  (contrabaixo)


Músicos não especificados por faixa na ficha técnica do disco.
Como há mais de um músico tocando o mesmo instrumento fica impossível saber qual dele está tocando em cada faixa e então é escolhido aqui trazer de volta todos os músicos interessados, marcando-os com [*].
Para a peça Opera do Malandro

1977-78
Teresinha é enxotada e Lúcia não resiste a Max. Solto, Max dá- lhe um beijo e some. Tigrão tem uma crise de nervos, manda revirar a cidade, mas não encontra Max. Vai à casa dos Duran que estão igualmente enfurecidos. Com a fuga de Max, a passeata sai mesmo e o inspetor estará arruinado. A não ser que, por milagre …
È quando surge Genival, um funcionário de Max, passador de perfumes, jóias, sedas e cristais. Genival as vezes também se chama Geni e gosta de trocar confidências com Dona Vitória. Rápida, Vitória pergunta pelo paradeiro de Max. Geni quer tomar conhaque. Duran insiste em saber de Max. O chefe de polícia implora, aos prantos.
Falta uma hora para sair a passeata, mas Geni não tem pressa. Exige recompensa, com juros, por várias informações anteriores. Pede outro conhaque e vai cobrando o que quer. È atendido em tudo. Enfim, antes de entregar Max,acha que o clima está maravilhoso para fazer um showzinho. E, para desespero de seus ouvintes, canta uma história que não acaba mais.



De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniquidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela famosa dama
- Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitad e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni



1977 © by Cara Nova Editora Musical Ltda. Av. Rebouças, 1700 CEP 057402-200 - São Paulo - SP Todos os direitos reservados. Copyright Internacional Assegurado. Impresso no Brasil


Para saber mais...
Teresinha è scacciata e Lúcia non resiste a Max il quale, liberato, le dà un bacio e si eclissa. Tigrão ha una crisi di nervi e fa rivoltare la città ma senza trovare traccia di Max. Va a casa dei Duran che sono anch'essi furiosi. Con la fuga di Max il corteo di protesta si farà e l'ispettore sarà rovinato. A meno che un miracolo...
Avviene quando spunta Genival, un funzionario di Max amante di profumi, gioielli, sete e cristalli. Genival, detto anche Geni, si diletta a scambiar confidenze con Dona Vitória, la quale in questo caso ne approfitta per chiedergli notizie sul rifugio di Max. Geni chiede un cognac. Duran insiste nel sapere di Max. Il capo della polizia implora fino alle lacrime. Manca un'ora all'inizio del corteo. Geni non ha fretta. Pretende una ricompensa, con gli interessi per diverse informazioni fornite precedentemente. Vuole altro cognac e riceve il compenso richiesto. Viene servito in tutto. Infine, prima di consegnare Max, ritenendo l'atmosfera meravigliosa per fare uno spettacolino, chiede all'uditorio, disperato, di cantare una storia che non finisce più.



Con ogni sorta di negro infimo [*]
Dei bordelli o delle banchine del porto
Lei è già stata a letto
Il suo corpo è degli erranti
Dei ciechi, degli emigranti
È di chiunque non possegga più niente
Lei gli si offre così, già da bambina
Nel garage, in cantina
Dietro la cisterna, nel bosco
È la regina dei detenuti
Delle pazze, dei lebbrosi
Dei ragazzini negli internati
E va anche e molto spesso
Coi vecchietti infermi
E con le vedove senza futuro
È un pozzo di bontà
Ed é per questo che la città
Continua a ripetere

Lanciate pietre su Genì
Lanciate pietre su Genì
Il suo destino è prenderle
E ricevere sputi
Lei la dà a chicchessia
Maledetta Genì

Un giorno comparve, brillando
Tra le nuvole fluttuando
Un enorme Zeppelin
Si fermò sopra gli edifici
Aprì duemila orifizi
Con duemila cannoni
La città terrorizzata
Rimase paralizzata
Pronta a trasformarsi in gelatina
Ma dallo Zeppelin gigante
Discese il suo comandante
E disse: “Ho cambiato idea
Quando vidi in questa città
Tanto orrore e iniquità
Decisi di far esplodere tutto
Ma posso evitare il dramma
Se quella formosa dama
Questa notte mi servirà'

Quella dama era Genì
Ma come può essere Genì?
Il suo destino è prenderle
E ricevere sputi
Lei la dà a chicchessia
Maledetta Genì

Ma di fatto, proprio lei
Tanto povera e semplice
Si era accattivata il forestiero
Il guerriero così spaventoso
Così temuto e poderoso
Divenne il di lei prigioniero
E succede che la donzella
- e questo era il suo segreto
Aveva anche lei i suoi capricci
E al giacere con uomo tanto nobile
Che odorava e risplendeva di metalli
Lei preferiva far l’amore con le bestie
Sentendo una tal eresia
La città in pellegrinaggio
Andò a bacirle la mano
Il sindaco in ginocchio
Il vescovo con gli occhi in lacrime
E il banchiere con un milione

Vai con lui, vai o Genì
Vai con lui, vai o Genì
Tu puoi salvarci
Tu puoi redimerci
Tu la dai a chicchessia
Benedetta Genì

Furono tante le suppliche
Così sincere e sentite
Che lei dominò il suo ribrezzo
E in quella notte lancinante
Si offrì a quell'amante
Come chi si consegna al boia
Fece tante porcherie
E si insozzò la notte intera
Finché lui fu sazio
E non albeggiava ancora
Che lui partì in una fredda nube
Con il suo Zeppelin argentato
Con un sospiro alleviato
Lei si girò di lato
E provò anche a sorridere
Ma non appena spuntò il giorno
La città all'unisono
Non la lasciò dormire

Lanciate pietre su Genì
Lanciate merda su Genì
Il suo destino è prenderle
E ricevere sputi
Lei la dà a chicchessia
Maledetta Genì

[*] Torto può significare anche strabico, irascibile, di mal carattere




Traduzione di Bruno Persico
© Copyright Musibrasil 2003-2005. Tutti i diritti riservati. Todos os direitos reservados
La traduzione fa parte di un più ampio lavoro dal titolo Teresinha e gli amici della Lapa.
de los rengos y los tuertos
del bajo fondo del puerto
ella anduvo enamorada
su cuerpo es de los errantes
vagabundos y emigrantes,
de los que no tienen nada
se entregaba desde niña
en garajes o cantinas,
tras la pileta, en el monte
reina de los prisioneros,
las locas, los pordioseros,
los gurises del asilo

a menudo a su cuidado
hay viejitos deshauciados
y viudas sin porvenir

es buena como son pocas
por eso la ciudad toda
repitiendo ha de seguir:

tírenle piedra a Geni,
tírenle piedra a Geni
hecha está para aguantar,
hecha está para escupir,
se entrega no importa a quién,
maldita Geni

un dia surgió brillante
entre las nubes fluctuante
un enorme zepelín

se paró en los edificios
abrió unos mil orificios
con mil cañones así

la ciudad toda espantada
se quedó paralizada,
casi se volvió jalea

mas del zepelín gigante
descendió el comandante
diciendo - cambié de idea

cuando vi en esta ciudad
tanto horror e iniquidad
resolví hacerla explotar

mas puedo evitar el drama
si es que aquella hermosa dama
de noche se entrega a mí

esa dama era Geni,
mas no puede ser Geni,
hecha está para aguantar,
hecha está para escupir,
se entrega no importa a quién,
maldita Geni

sin que se lo propusiera
de tan ingenua y sincera
cautivó al forastero

el guerrero tan vistoso,
tan temido y poderoso
quedó de ella prisionero

ocurre que la doncella
- y eso era secreto de ella -
tenía también sus caprichos

y a darse a hombre tan nobre,
tan oliendo a brillo y cobre,
prefería amar los bichos

al oir tal herejía
la ciudad en romería
su mano vino a besar

el prefecto de rodillas,
el obispo a hurtadillas,
el banquero y su millar

anda con él, ve Geni
anda con él, ve Geni,
la que nos puede salvar,
la que nos va a redimir,
se entrega no importa a quién,
bendita Geni

fueron tantos los pedidos,
tan sinceros, tan sentidos,
que ella dominó su asco

esa noche lancinante
entregóse a tal amante
como quién se da al verdugu

tanta suciedad él hizo
relamiéndose de vicio
hasta quedarse saciado

y no bien amanecía
partió en una nube fría
con su zepelín prateado

con un suspiro aliviado
ella se acostó de lado
y trató de sonreír

mas luego al rayar el día
la ciudad en gritería
ya no la dejó dormir

- tírenle piedra a Geni,
tírenle piedra a Geni,
hecha está para aguantar,
hecha está para escupir
se entrega no importa a quién,
maldita Geni




Chico Buarque- Daniel Viglietti