Tropicália
(arranjo)
Caetano VelosoCaetano Emanuel Viana Teles Veloso. Santo Amaro da Purificação, 7/8/1942.
(voz)
Dirceu
(parlato iniziale, bateria)
orchestra
Manoel Barenbein
(direção da produção)
Descobriu que as terras brasileiras
Eram férteis e verdejantes,
Escreveu uma carta ao rei:
Tudo que nela se planta,
Tudo cresce e floresce.
E o Gauss da época gravou".
*
Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento no planalto central
Do país
Viva a bossa-sa-sa
Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça
Viva a bossa-sa-sa
Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça
O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada de uma rua antiga, estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, feia e morta
Estende a mão
Viva a mata-ta-ta
Viva a mulata-ta-ta-ta-ta
Viva a mata-ta-ta
Viva a mulata-ta-ta-ta-ta
No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina e faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira
Entre os girassóis
Viva Maria-ia-ia
Viva a Bahia-ia-ia-ia-ia
Viva Maria-ia-ia
Viva a Bahia-ia-ia-ia-ia
No pulso esquerdo bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhora e senhores ele põe os olhos grandes
Sobre mim
Viva Iracema-ma-ma
Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma
Viva Iracema-ma-ma
Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma
Domingo é o Fino da Bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Viva a banda-da-da
Carmem Miranda-da-da-da-da
Viva a banda-da-da
Carmem Miranda-da-da-da-da
© Warner Chappell Edições Musicais
NOTE:
* Este trecho foi citado de brincadeira pelo percussionista Dirceu, durante um teste das gravações do disco, e acabou sendo utilizado pelo maestro Júlio Medaglia na abertura canção-manifesto Tropicália, lançada por Caetano em 1967, que antecedeu o disco coletivo Tropicália ou Panis et Circencis
È la composizione che diede il nome al movimento. Un "collage" critico del contesto brasiliano (dagli "olhos verdes da mulata" e dalla "luar do sertão" al "fino da bossa", da Cármen Miranda alla Banda, da Iracema a Ipanema). Le rime e la ripetizione in eco delle sillabe finali danno una sonorità 'singhiozzante' al testo, che ha pure un'altra caratteristica non comune: frasi lunghissime, che sembrano rompere la quadratura strofica, seguite da corti versi, nei quali emerge solitario un sostantivo, subitaneamente valorizzato: 'E nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis'. La parodia della lettera di Pero Vaz de Caminha fu improvvisata in studio di registrazione dal batterista Dirceu e incorporata nell'introduzione alla musica, sottolineando lo humor critico del testo.
Nella (storica) versione originale - del 9 gennaio 1968 - Júlio Medaglia fu il responsabile della regência e dell'orchestrazione, nella quale entrano pistoni, tromboni, vibrafono, batteria, bongô, tumbadora, agogô, triangolo, chocalho, violões, viola caipira e basso elettrico, accompagnati da violini, viole e violoncelli. Questi ultimi si integrano, fin da subito, al clima 'tropicale', in una imitazione di uccelli (con glissandi e pizzicati).
É a composição que deu nome ao movimento. Uma "colagem" crítica do contexto brasileiro (dos "olhos verdes da mulata" e do "luar do sertão" ao "fino da bossa", de Cármen Miranda à Banda, de Iracema a Ipanema). As rimas e a repetição em eco das sílabas finais dão uma sonoridade ímpar ao texto, que tem ainda outra característica inusitada: frases longuíssimas, que parecem romper a quadratura estrófica, seguidas de versos curtos, em que um substantivo emerge sozinho, subitamente valorizado. A paródia da carta de Pero Vaz de Caminha foi improvisada no estúdio pelo baterista Dirceu è incorporada à música, sublinhando o humor crítico do texto.
[Augusto de Campos in(Nova) História da Música Popular Brasileira - Caetano Veloso, fascicolo + disco, Abril Cultural, 1972 - 1978]
Per saperne di più troverete degli approfondimenti nei link qui sotto:
- 100 CANÇÕES ESSENCIAIS DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA dalla rivista BRAVO! nel suo numero speciale dedicato, appunto, alle 100 canzoni essenziali della MPB, pubblicato nel maggio 2008,
Sul disco Tropicália ou Panis et Circensis manifesto del movimento che riprende il titolo del brano
...e mais...
- A CANÇÃO NO TEMPO - 85 anos de músicas brasileiras, de Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello