Tropicália

dall'LP Caetano Veloso (1968)

Caetano VelosoCaetano Emanuel Viana Teles Veloso. Santo Amaro da Purificação, 7/8/1942.
  (voz)

Júlio Medaglia
  (arranjo, regência)

Dirceu
  (bateria, parlato iniziale)

orchestra
"Quando Pero Vaz Caminha
Descobriu que as terras brasileiras
Eram férteis e verdejantes,
Escreveu uma carta ao rei:
Tudo que nela se planta,
Tudo cresce e floresce.
E o Gauss da época gravou".

*



Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés os caminhões
Aponta contra os chapadões
Meu nariz
Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento no planalto central
Do país

Viva a bossa-sa-sa
Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça
Viva a bossa-sa-sa
Viva a palhoça-ça-ça-ça-ça

O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão
O monumento não tem porta
A entrada de uma rua antiga, estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente, feia e morta
Estende a mão

Viva a mata-ta-ta
Viva a mulata-ta-ta-ta-ta
Viva a mata-ta-ta
Viva a mulata-ta-ta-ta-ta

No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina e faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira
Entre os girassóis

Viva Maria-ia-ia
Viva a Bahia-ia-ia-ia-ia
Viva Maria-ia-ia
Viva a Bahia-ia-ia-ia-ia

No pulso esquerdo bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração balança a um samba de tamborim
Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhora e senhores ele põe os olhos grandes
Sobre mim

Viva Iracema-ma-ma
Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma
Viva Iracema-ma-ma
Viva Ipanema-ma-ma-ma-ma

Domingo é o Fino da Bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça
Porém
O monumento é bem moderno
Não disse nada do modelo do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a banda-da-da
Carmem Miranda-da-da-da-da
Viva a banda-da-da
Carmem Miranda-da-da-da-da



© Warner Chappell Edições Musicais


NOTE:
* Este trecho foi citado de brincadeira pelo percussionista Dirceu, durante um teste das gravações do disco, e acabou sendo utilizado pelo maestro Júlio Medaglia na abertura canção-manifesto Tropicália, lançada por Caetano em 1967, que antecedeu o disco coletivo Tropicália ou Panis et Circencis

È la composizione che diede il nome al movimento. Un "collage" critico del contesto brasiliano (dagli "olhos verdes da mulata" e dalla "luar do sertão" al "fino da bossa", da Cármen Miranda alla Banda, da Iracema a Ipanema). Le rime e la ripetizione in eco delle sillabe finali danno una sonorità 'singhiozzante' al testo, che ha pure un'altra caratteristica non comune: frasi lunghissime, che sembrano rompere la quadratura strofica, seguite da corti versi, nei quali emerge solitario un sostantivo, subitaneamente valorizzato: 'E nos jardins os urubus passeiam a tarde inteira entre os girassóis'. La parodia della lettera di Pero Vaz de Caminha fu improvvisata in studio di registrazione dal batterista Dirceu e incorporata nell'introduzione alla musica, sottolineando lo humor critico del testo.
Nella (storica) versione originale - del 9 gennaio 1968 - Júlio Medaglia fu il responsabile della regência e dell'orchestrazione, nella quale entrano pistoni, tromboni, vibrafono, batteria, bongô, tumbadora, agogô, triangolo, chocalho, violões, viola caipira e basso elettrico, accompagnati da violini, viole e violoncelli. Questi ultimi si integrano, fin da subito, al clima 'tropicale', in una imitazione di uccelli (con glissandi e pizzicati).

É a composição que deu nome ao movimento. Uma "colagem" crítica do contexto brasileiro (dos "olhos verdes da mulata" e do "luar do sertão" ao "fino da bossa", de Cármen Miranda à Banda, de Iracema a Ipanema). As rimas e a repetição em eco das sílabas finais dão uma sonoridade ímpar ao texto, que tem ainda outra característica inusitada: frases longuíssimas, que parecem romper a quadratura estrófica, seguidas de versos curtos, em que um substantivo emerge sozinho, subitamente valorizado. A paródia da carta de Pero Vaz de Caminha foi improvisada no estúdio pelo baterista Dirceu è incorporada à música, sublinhando o humor crítico do texto.

[Augusto de Campos in(Nova) História da Música Popular Brasileira - Caetano Veloso, fascicolo + disco, Abril Cultural, 1972 - 1978]



Per saperne di più troverete degli approfondimenti nei link qui sotto:



Sul disco Tropicália ou Panis et Circensis manifesto del movimento che riprende il titolo del brano
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